1. A atualidade no mundo de língua portuguesa ainda está infelizmente marcada pelo incêndio que, no dia 2 de setembro, destruiu grande parte do Museu Nacional do Brasil (ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ), que este ano completa 200 anos de atividade. Dando realce ao valor que os museus têm nas nossas sociedades, recordemos que museu se atesta em português a partir do Renascimento, como adaptação do latim musēum, i, «templo das Musas; museu, biblioteca; academia». Mas as origens mais remotas da palavra encontram-se no grego clássico mouseîon, com o significado de «templo das Musas, lugar onde as Musas residem» e, por extensão, «lugar no qual se exercita a poesia; escola» (Dicionário Houaiss). Com este termo se designou também a «parte do palácio de Alexandria onde Ptolomeu I havia reunido os mais célebres sábios e filósofos para lhes permitir entregar-se à cultura das Ciências e das Letras e na qual estava colocada a célebre biblioteca [...]» (José Pedro Machado, Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa).
Recuando ainda mais, descobrimos que musa vem do grego moûsa, ēs, denominação genérica de cada uma das nove deusas protetoras das ciências e das artes liberais, ou seja, as Musas. Como adaptação de derivados da forma grega de musa, contam-se, além de museu, os vocábulos música, muságeta e (quem diria?) mosaico. E qual a etimologia do grego moûsa? Indo aos primórdios, supõe-se que se relaciona com a raiz indo-europeia *men-, «pensar». Vem, pois, a propósito perguntar: a perda de um museu não será sinal de outra, a da capacidade de pensar?
2. Mais perguntas, todas na atualização do consultório: poderão ser omitidas certas vírgulas recomendáveis? A palavra como pode ser usada como se fosse uma preposição? É «serviço intercidade», ou «serviço intercidades»? E «enamorou-se dela» ou «enamorou-se por ela»? Finalmente, estará correto dizer-se «coisa que não dá para resistir»?
3. Assaltam-nos quotidianamente dúvidas sobre esta palavra ou aquela construção. Por isso, o programa Língua de Todos, emitido na RDP África, na sexta-feira, em 7 de setembro, às 13h15* (com repetição no sábado, dia 8/09), conversa com a linguista Sandra Duarte Tavares, consultora do Ciberdúvidas, acerca de diferentes aspetos do bom uso da língua.
A respeito do 1.º Encontro Nacional sobre o Discurso Académico (ENDA), que se realiza no Instituto Politécnico de Leiria, em 7 e 8 de setembro p. f., o programa Páginas de Português, emitido na Antena 2, em 9 de setembro, às 12h30* (com repetição no sábado seguinte, dia 15/09, pelas 15h30), entrevista Carla Marques, linguista e consultora do Ciberdúvidas, que falará dos objetivos do ENDA bem como da sua participação no evento com a comunicação "O texto oral de opinião – um ponto da situação".
* Hora oficial de Portugal continental, ficando o programa disponível posteriormente, aqui.